Itinerando no território Geralda Toco Preto (Timbira)

“A vida e a história de uma Árvore

é como a vida e a historia de uma Aldeia”.

Nos dias 17 a 27 de maio de 2021, nós Irmãs Jovenilde Alves Neves e Marinete Silva Souza da Pastoral Indigenista – Diocese de Grajau, estivemos com o povo Krepym Katejê-Timbira, da Terra Indígena (TI) Geralda Toco Preto, localizada no município de Itaipava do Grajáu, MA – Paróquia São Pio Pietrelcina.

Impulsionadas pelo Evangelho de Jesus Cristo, em comunhão com as conclusões do Sínodo para a Amazônia e as prioridades da Diocese de Grajaú, descemos às quatro aldeias: Esperança (17 a 20/05), Sibirino (21 a 23/05), Geralda Toco Preto (24 a 26/05) e Bonita (manhã 26/05). Vimos a situação de cada uma, ouvimos seus clamores, conhecemos  seus desafios, esperanças e alegrias (Ex. 3, 7-8), pois o objetivo era conviver, visitar as famílias, escutar, participar do cotidiano, sentir e viver de perto a realidade das quatro aldeias indígenas do referido território, como também anunciar a esperança, a presença marcante dos “espíritos da vida” e do Deus Vivo e Libertador.

Durante o dia, visitamos as famílias e escolas, fomos às roças e contemplamos as plantações de feijão, arroz, macaxeira, mandioca, amendoim, cana, milho; Vimos também diversas plantações de laranja, lima, limão, banana, inhame, batata, mamão, manga, caju, uva, cacau, entre outros; fizemos almoço (onde deixaram), varremos casa… Realizamos encontros com crianças, jovens e mulheres. No mês de março, distribuiu-se as sementes crioulas de feijão, que foram todas semeadas no abafado. Com alegria contemplamos essa plantação e “vimos que tudo era bom”. A colheita será em junho e julho/2021. Uma parte será reservada para os próximos plantios. Quanta riqueza encontrada junto os irmãos e irmãs indígenas, acolhida, partilha de vida, bens e dons. Só convivendo de perto para perceber.

Para esses dias, com a assessoria de Irmã Maria das Graças Pereira Gomes preparamos um roteiro para ser aplicado nos três encontros sobre a “Identidade e a História da Aldeia/Comunidade”, que foram realizados à noite com toda aldeia. Através do desenho de uma árvore ou trazendo presente as árvores nativas (Palmeira Babaçu, Pau-d’arco, Jatobá…), associou-se cada parte da árvore com a vida e história da aldeia: O 1º encontro com o tema – Raiz (a historia, os costumes); O 2° encontro, o tema -Tronco e galhos (organização e resistências); e o 3° Encontro com o tema – Frutos e as folhas (todas as coisas boas que a aldeia produz para manter a vida e esperança).

Usamos também as imagens dos cupins, trovões e raios para explicitar as coisas ruins, negativas que tem dentro da aldeia ou que vem de fora para dividir e destruir o povo. O Território tem uma história, a qual é para eles, a terra prometida. É preciso preservar o Bem Viver, a cultura, a terra, os rios, a espiritualidade, a identidade, ameaçadas pelo sistema atual. O texto bíblico inspirador da reflexão desses dez dias, foi João 15, 1-17 e no último dia em cada aldeia, rendemos ação de graças a Tupã, Deus, Encantados pelas maravilhas que realizam no seio do seu povo, conforme Lucas 17, 11-19.

Ações concretas para o Bem Viver nas aldeias: nas três aldeias a principal dificuldade/desafio está sendo com relação a saúde, especialmente a educação. Para isso, fizeram documentos, reivindicando seus direitos a uma educação de qualidade. Ficaram acordado Oficinas de Rezas/Bíblia/Catequese, Alimentação Saudável e Costura/Artesanato.

Agradecemos as lideranças das aldeias, as famílias que nos acolheram e partilharam o pão e participaram com muito interesse dos encontros. À Diocese de Grajau e a Missão Central Franciscana que nos ajudam na missão e ao padre Getúlio Gonçalves de Souza pelo seu apoio e acolhimento.

Por tudo isso, damos graças ao Senhor cantando o Salmo 126: “A nossa boca se enche de riso e canções. Sim, Javé foi grande conosco, e por isso estamos alegres. Os que semeiam com lágrimas, ceifam em meio a canções. Vão andando e chorando ao levar a semente. Ao regressar, voltam cantando, trazendo os feixes” (Sl 126, 2-3.5-6).

Barra do Corda, MA, 27 de maio de 2021.

 

Pastoral Indigenista – Vicariato São Mateus

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