Os bispos da Amazônia brasileira se reuniram virtualmente na manhã de sexta-feira, 8 de outubro, para aprofundar as reflexões sobre incidência política e estratégias de posicionamento para garantir a proteção da Amazônia e seus povos e da Casa Comum. Organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), o encontro abordou temas como incidência política, eleições, povos indígenas e os riscos na Amazônia.
Importância do encontro
Ao saudar os participantes, o presidente da Comissão para a Amazônia da CNBB, cardeal Cláudio Hummes, reiterou a importância do encontro e do tema em discussão e afirmou que “esses encontros são, de fato, muito importantes para nós nos reencontramos e refazemos essa rede”.
O cardeal também chamou atenção para o tema e ressaltou o momento sociopolítico que vive o país. “As grandes questões que o Brasil está enfrentando, que nós sabemos que não são poucas e que não são fáceis, acabaram introduzindo uma divisão muito grande no povo brasileiro. O ódio aos outros, quer dizer, toda essa dificuldade enorme que se instaurou no Brasil é realmente desastroso politicamente, socialmente, culturalmente e até religiosamente, por isso, a importância de discutir esse tema hoje”.
Incidência política
Durante o encontro, Mara Carvalho, assessora jurídica da Comissão Pastoral da Terra (CPT), contribuiu com uma análise da incidência política e apresentou um panorama das pautas que tramitam no legislativo, executivo e em outras esferas públicas que impactam na vida da Amazônia.
Mara destacou os 33 anos da Constituição Federal, promulgada em 5 de outubro de 1988, e os retrocessos na pauta dos direitos sociais e constitucionais. Ao falar sobre incidência política, a assessora explicou que a incidência política apresenta “possibilidades de intervenção junto às instituições” e falou sobre a necessidade de utilizar os meios de comunicação de maneira estratégica.
Na sequência, o consultor da REPAM-Brasil, Leon Souza, e a analista de projetos sociais, Arlete Gomes, apresentaram uma retrospectiva das ações de incidência realizadas pelos bispos da Amazônia e seus impactos.
Para Leon Souza o momento fortaleceu os alinhamentos especialmente no que diz respeito à incidência política. Ele explica que a “expectativa é que o trabalho de incidência possa se qualificar cada vez mais para promover as transformações necessárias na agenda sócio-política e socioambiental”.
Os participantes realizaram um momento de diálogo em grupos, a partir da pergunta “como fortalecer os posicionamentos do episcopado da Amazônia brasileira e quais ações devemos priorizar?”. Foram 6 grupos, que em seguida partilharam brevemente, em plenária, os principais pontos dos diálogos.
Consertar as redes
Dom Pedro Brito Guimarães, arcebispo de Palmas (TO), destacou a palavra “reincidência” e afirmou que é preciso incidir no tecido social do nosso Brasil que está deteriorado. “Jogar, limpar e consertar as redes, como Jesus chamou os apóstolos nessa dinâmica e nessa didática é a nossa missão. As nossas redes elas se romperam e muitas redes sujaram e ficaram sem uso, por isso, é hora de retornarmos e levar ao conserto essas nossas redes, unir os cabos, os fios e buscar novas agulha, novas linhas e remendar as redes eclesiais, sociais, políticas e econômicas da nossa vida”, afirmou Dom Pedro, ao refletir sobre o tema.
Após a discussão do grupo, os bispos apresentaram propostas de ação no campo da defesa de direitos e da Amazônia, da formação continuada sobre o processo de incidência política, do acompanhamento e o monitoramento dos Projetos de Lei e pautas específicas, além das eleições de 2022.
Por Comunicação REPAM-Brasil
Fonte: CNBB