Em um programa especial, divulgado no site Vatican News, o padre Gerson Schmidt, graduado em jornalismo e mestre em comunicação, propôs uma reflexão sobre “pistas para uma Igreja em estado permanente de missão”. Partindo da Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja, de 21 de novembro de 1964, e das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), o sacerdote gaúcho fala sobre a formação de pequenas comunidades eclesiais missionárias.
“A Constituição Dogmática Lumen Gentium tem destacado a missão da Igreja como sacramento universal de Salvação. No número 05 da constituição do Concílio sobre a Igreja, antes das imagens e figuras da Igreja que aqui utilizamos exaustivamente, diz assim: “Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra”.
Padre Gerson salienta que a Lumen Gentium aponta a missão da Igreja não somente reservada à hierarquia da Igreja:
“Pois eles próprios (bispos, padres…) sabem que não foram instituídos por Cristo para se encarregarem por si sós de toda a missão salvadora da Igreja para com o mundo, mas que o seu cargo sublime consiste em pastorear de tal modo os fiéis e de tal modo reconhecer os seus serviços e carismas, que todos, cada um segundo o seu modo próprio, cooperem na obra comum”(LG, 30). Cabe a todo o batizado a missão sacerdotal, profética e régia (LG, 31).
No contexto da missão de toda a comunidade e de todo o cristão, padre Gerson afirma que as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil propõem a conversão pastoral como um desafio de “formação de pequenas comunidades eclesiais missionárias, nos mais variados ambientes, que sejam casas da Palavra, do Pão, da Caridade e abertas à ação Missionária. Essas comunidades podem oferecer, nesse contexto, meios adequados para o crescimento na fé, para o fortalecimento da comunhão fraterna, para o engajamento de seus integrantes na missão e para a renovação da sociedade” (DGAE, 33).
Ele destaca, ainda, que a palavra de ordem na caminhada pastoral da Igreja do Brasil atualmente é a formação de pequenas comunidades missionárias vinculadas à comunidade paroquial. “São pequenos grupos de vínculos e encontros de fé, que se encontram para construírem a Igreja de Cristo”, aponta.
Comunidades Eclesiais Missionárias
Padre Gerson relembra uma reflexão feita pelo secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portela, oferecida para a Assembleia do Clero da arquidiocese de Porto Alegre, em meados de ano passado:
“As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) apresentam uma única prioridade: as Comunidades Eclesiais Missionárias”, afirmou o bispo.
Constituídas por um número pequeno de membros, essas comunidades são alimentadas pela Palavra de Deus. Para ajudar a compreender essa única prioridade, as DGAE utilizam imagens bastante conhecidas: casa e pilares. A prioridade é a casa, ou seja, as Comunidades Eclesiais Missionárias (CEM). Os caminhos para a sustentação encontram-se nos pilares.
“Essa identificação entre o que é a única prioridade e os caminhos para a implantação e sustentação é importante e não pode ser confundida. As DGAE NÃO indicam os pilares como prioridades. Estes vivem em função das comunidades Eclesiais Missionárias e não o contrário. Quando, na tentativa de concretizar as DGAE para a realidade local, preocupamo-nos com os pilares antes de nos preocuparmos com as comunidades Eclesiais Missionárias, corremos o risco de, não compreendendo corretamente as DGAE, deixar a pastoral, como está, sem que alcancemos os resultados necessários e desejados. Por isso é tão importante compreender bem o que as comunidades Eclesiais Missionárias significam para que, a partir delas e somente a partir delas, possamos pensar nos pilares”, disse dom Joel.
Com informações de Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Fonte: CNBB