Um dos temas em destaque na etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) refere-se ao Missal Romano. Será colocado em votação o trabalho realizado pela Comissão para os Textos Litúrgicos da Conferência, a Cetel, na revisão da tradução da 3ª Edição do livro utilizado nas celebrações da eucarísticas da Igreja.
A tradução brasileira dessa terceira edição do Missal Romano levou 18 anos de trabalho da Cetel. A jornada começou após a promulgação, em 2002, pelo Papa João Paulo II, da nova edição. Em entrevista concedida à Revista Bote Fé, em 2020, o arcebispo emérito de Mariana (MG) e membro da Cetel, dom Geraldo Lyrio Rocha, explicou que “além de alguns novos ‘formulários’, foram introduzidas várias alterações na Instrução Geral que foi imediatamente traduzida pela CNBB e submetida à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de acordo com o que determinava a legislação em vigor”.
Havia, no entanto, um documento da mesma congregação que estabelecia os princípios que devem orientar as traduções dos textos da Liturgia romana nas várias línguas. Seguindo as determinações da instrução, a presidência da CNBB nomeou uma comissão de peritos para fazer a revisão do Missal Romano, a fim de aproximar ao máximo a tradução aos textos em Latim. A seguir, o trabalho dos peritos foi submetido à apreciação da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel).
À medida que o trabalho ia se concluindo, os textos eram submetidos à aprovação da Assembleia Geral da CNBB. Para tal aprovação, é exigido o quórum qualificado, isto é, faz-se necessário o voto favorável de pelo menos dois terços dos que têm direito a voto. As informações são de entrevista concedida por dom Geraldo Lyrio Rocha à revista Bote Fé, em 2020.
Para recordar as etapas da tradução
Para recordar as principais etapas desses mais de 18 nos de trabalho, se considerados os últimos dois anos, dedicados à revisão das traduções pela Cetel e as consultas ao episcopado, o Portal da CNBB listou alguns marcos nesse período. As informações foram coletadas nos arquivos de notícias do Portal da CNBB e revisadas pelo bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e membro da Cetel, dom Armando Bucciol e pelo assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, padre Leonardo José de Souza Pinheiro.
2002 a 2004
A Comissão da CNBB faz a tradução da Instrução Geral do Missal Romano.
2007
Revisão da tradução iniciada pela Comissão para os Textos Litúrgicos com a presidência do então arcebispo de Ribeirão Preto, dom Joviano de Lima Júnior. Eram os membros naquela ocasião dom José Belisário da Silva, dom Manoel João Francisco, dom Alberto Taveira e dom Armando Bucciol. Eram os assessores o padre Gregório Lutz e o padre Gustavo Haas.
Em 2011, com a presidência de dom Armando, novos membros passaram a compor e colaborar na comissão, como dom Geraldo Lyrio e o então padre Hernaldo Pinto Farias, hoje bispo diocesano de Bonfim, na Bahia.
21 a 23 de agosto de 2012
No processo que envolve tradução e revisão do material traduzido, seguidas de envio para os bispos aguardando emendas, a Cetel fica encarregada de, ao final do processo, analisar se acolher ou não as emendas dos bispos. Em seguida, o texto é levado para aprovação na Assembleia Geral. Na oportunidade, pós possível aprovação, encaminhando para a Santa Sé. Naquela oportunidade, eram realizadas três reuniões anuais para a discussão e aprofundamento dos textos litúrgicos.
18 a 22 de novembro de 2013
Naquela ocasião, a Cetel fazia a revisão da tradução portuguesa para o Brasil da 3ª edição do Missal Romano. O trabalho consistiu, à época, na revisão do santoral que trata das celebrações em honra dos santos.
Ainda em 2013, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos enviou avaliação da primeira parte dos textos revisados do Tempo do Advento, Natal e Quaresma, aprovados em Assembleia anterior.
Em 2014, já com a assessoria do frei Faustino Paludo, realizou-se a votação e aprovação dos Textos do Tempo Pascal;
No final de 2017 a Cetel era composta por dom Armando Bucciol, dom Geraldo Lyrio, dom Alberto Taveira, dom Aloísio Dilli, dom Manoel João Francisco, dom José Aparecido e passou a contar com o novo assessor da comissão, padre Leonardo Pinheiro.
18 de fevereiro de 2019 – conclusão da tradução
Continuando com reuniões periódicas, a Cetel concluiu, em fevereiro de 2019, a tradução da terceira edição do Missal, Romano. O passo seguinte era a aprovação em Assembleia.
2 de maio de 2019 – Ocorreu a entrega, durante a 57ª Assembleia Geral da CNBB, dos últimos textos traduzidos.
3 de setembro de 2019 – Com novas indicações, a Cetel deu início à revisão final da tradução apresentada na 57ª Assembleia Geral. Ao longo da revisão o grupo também percebeu a necessidade de traduzir as alternativas de bênçãos para as diversas celebrações durante o ano litúrgico. Assim, a Comissão deu continuidade ao trabalho, sob a presidência de dom Edmar Peron, eleito na última Assembleia da CNBB.
26 de fevereiro de 2020 – Foi disponibilizada uma versão impressa da tradução brasileira, denominada “Material de Estudo”. Na época, a expectativa era que o material passasse pela revisão final com especialistas, e a consequente aprovação na 58ª Assembleia Geral da CNBB, seguindo para a autorização de publicação pela Santa Sé. A pandemia impediu a realização da assembleia presencialmente.
De junho de 2020 ao início de 2021
Primeira reunião por videoconferência. Daí em diante, durante a pandemia, foram mais de 70 reuniões virtuais. Durante este período foram cuidadosamente revistas as traduções de todas as Orações Eucarísticas e analisadas sugestões que foram encaminhadas à Cetel.
Maio a agosto de 2022
Após a acolhida das sugestões, foi aberta uma consulta virtual aos bispos quanto às Orações Eucarísticas e Orações sobre o Povo que ainda receberam algumas sugestões de mudanças e melhorias nos textos para que seja votado, além de liberação do material para que seja votado na etapa presencial da 59ª Assembleia Geral da CNBB.
Em junho, dom Edmar informou que 177 bispos responderam à consulta e que 98% destes deram o seu sim em aprovação à tradução. A Cetel analisou as propostas que os bispos fizeram (revisão, sugestão e proposta) e respondeu de forma personalizada a cada uma das indicações. Ao final do processo foram mais de 220 bispos que participaram da consulta. Essas contribuições resultaram num relatório de 59 páginas.
Fonte: CNBB