Cobranças, denúncias, solidariedade. Essas palavras podem marcar o ano do Pacto pela Vida e pelo Brasil. A iniciativa que une a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outras entidades no contexto de crises por que passa o Brasil teve suas ações expressivas por meio de posicionamentos em momentos graves deste ano de 2021.
Estancar a calada da morte
A primeira chamada foi para “estancar a escalada da morte”, já no início deste ano. Era o dia 11 de março e os números da pandemia mostravam um aumento nas mortes, revelando o agravamento da crise sanitária causada pelo novo coronavírus. A CNBB, a Ordem dos Advogados do Brasil, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, a Academia Brasileira de Ciências, a Associação Brasileira de Imprensa e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência lançaram uma nota intitulada O povo não pode pagar com a própria vida.
1 ano do Pacto pela vida e pelo Brasil
Em abril, o documento que deu origem ao pacto completou um ano. O Portal da CNBB contabilizou as conquistas e projetou os desafios. Entre as ações futuras, o bispo referencial do Grupo de Trabalho (GT) Pacto pela Vida e pelo Brasil da CNBB, dom Guilherme Werlang, contou que seriam dinamizadas ações e compromissos assumidos pelo Pacto. Segundo dom Guilherme, o grupo procuraria fortalecer a articulação das entidades signatárias do Pacto e as mais de 100 organizações que aderiram a ele e com os princípios que defendem, de modo a avançar nas propostas “para o fortalecimento de um grande diálogo social pela vida e pelo Brasil”.
Em maio, durante a 58ª Assembleia Geral da CNBB, dom Guilherme apresentou o panorama do momento das articulações referentes ao Pacto e ressaltou as parcerias: “A CNBB não está sozinha. Estamos trabalhando muitas questões em parceria, desde a vacinação como direito de todos, como a exigência da volta do auxílio emergencial e o diálogo com os três poderes – legislativo, executivo e judiciário”.
500 mil mortos
No mês de junho, quando o Brasil alcançou a triste marca de 500 mil mortos pela Covid-19, as entidades signatárias do pacto escreveram uma carta em que prestam solidariedade às milhares de famílias afetadas pela perda de entes queridos pela Covid-19. No texto, manifestaram indignação pelas manifestações contrárias às medidas recomendadas por organismos sanitários no cuidado e na promoção da vida. E ainda destacaram a importância do trabalho da CPI da Pandemia instalada no Congresso Nacional para investigar as ações da gestão pública diante da crise da pandemia.
Ataques à democracia
Nos meses de agosto e setembro, as atenções voltaram-se à realidade da democracia, ameaçada por ataques às instituições e ao sistema eleitoral. Em 4 de agosto, as seis entidades que firmaram inicialmente o Pacto pela Vida pelo Brasil manifestaram solidariedade ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Luís Roberto Barroso.
A mensagem entregue ao ministro afirmava que o “processo de erosão democrática prossegue, atingindo contornos incompatíveis com o equilíbrio entre os Poderes e a manutenção do clima de paz e concórdia entre os cidadãos”.
Dia da Pátria
Já na véspera do 7 de setembro, as organizações signatárias do pacto afirmaram que “a apropriação que do Dia da Pátria por obstinados em semear divisões merece repúdio”. No pronunciamento, divulgado em artigo publicado na Folha de São Paulo, afirmaram que o Dia da Independência é momento crucial para refletir sobre o fortalecimento da democracia, em prol de uma sociedade livre, justa e solidária.
“Lançando um olhar sobre o Brasil, vemos a data nacional envolvida em ataques extremistas às instituições e rumores de ruptura da ordem. Num plano mais abrangente, poderíamos perguntar o que há para ser celebrado com quase 600 mil mortos pelo coronavírus, 15 milhões de desempregados, 19 milhões de brasileiros passando fome, 5 milhões de crianças fora da escola, recordes de desmatamento e aumento acentuado da desigualdade. Diante de tantas tristes marcas, cabe indagar: como defender e levar adiante este projeto que é de todos, chamado nação?”
Auxílio Brasil
Desde o início da articulação do pacto, as entidade signatárias defendiam “a atualização e ampliação do Bolsa Família” e a “a rápida distribuição dos benefícios da Renda Básica Emergencial” e até a sua “extensão pelo tempo que for necessário para a superação dos riscos de saúde e sobrevivência da população mais pobre”. O Governo Federal, com fortes suspeitas de motivação eleitoreira, extinguiu o Bolsa Família, não continuou o Auxílio Emergencial e criou o Auxílio Brasil, um programa para atender apenas 17 milhões de famílias até o fim de 2022.
Assim, no dia 7 de dezembro, foi divulgada uma carta aberta, publicada no jornal Folha de São Paulo, na qual manifestam “perplexidade com a forma pela qual a população mais pobre e vulnerável vem sendo tratada, quando as consequências da pandemia assombram o Brasil”.
Confira o pronunciamento na íntegra aqui.
Fonte: CNBB