A parte central do segundo dia do 1º Encontro de Parlamentares Católicos a Serviço do Povo Brasileiro, na sexta-feira, 17 de setembro, foi dedicada ao painel “Testemunhos em Diálogo”, no qual, de forma intercalada, nove políticos previamente escolhidos apresentaram o que o parlamentares católicos esperam da Igreja no exercício de sua missão e nove bispos e arcebispos responderam à pergunta: “O que a Igreja espera dos parlamentares católicos no exercício de sua missão?”.
Neste momento coordenado pelo moderador do dia, o bispo de Roraima (RR) e segundo-vice presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Mário Antônio da Silva, cada um teve um tempo de cinco minutos de fala. Com os mais de 80 parlamentares brasileiros, de diferentes partidos políticos e níveis de atuação (municipal, estadual e federal), o encontro está sendo realizado pela Assessoria Política da CNBB desde a quinta-feira, 16 de setembro. Para efeitos didáticos, as respostas foram organizadas a partir da pergunta considerando a ordem de fala dos prelados. Abaixo agrupamos as falas de nove bispos e arcebispos que responderam à pergunta: “O que a Igreja espera dos parlamentares católicos no exercício de sua missão?”.
O que a Igreja espera dos parlamentares católicos no exercício de sua missão?
O arcebispo de São Paulo e primeiro vice-presidente do Conselho Episcopal Latinoamericano (Celam), cardeal Odilo Cherer, primeiro a falar, deu ênfase a aspectos ligados à moralidade de pessoas que atuam na esfera pública cuja missão deve ser atuar em favor do bem comum. “Que sejam bons políticos no sentido de buscar ser coerentes nas opções pautadas pela honestidade e pela ética nas ações”, afirmou.
O bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, ressaltou que na Sagrada Escritura, no magistério da Igreja e do Papa Francisco não faltam orientações e valores que devem pautar a atuação dos parlamentares católicos. O bispo disse que os parlamentares também devem buscar pautar sua atuação na promoção, defesa e cuidado com a vida da concepção à morte natural e das famílias com a proposição de políticas públicas que vão neste sentido.
O bispo de Lages (SC) e presidente do Grupo de Trabalho Pacto pela Vida e Pelo Brasil da CNBB, dom Guilherme Werlang disse que é urgente, neste momento de crise pelo qual o Brasil atravessa, que as lideranças católicas sejam bússolas éticas para superar os desafios. “Os parlamentares católicos devem pautar sua atuação na defesa da democracia, no diálogo, na defesa de nossos ecossistemas e biomas. Devemos buscar construir um Pacto pela Vida e pelo Brasil com políticas públicas para mitigar o sofrimento do povo brasileiro”, disse. Aos parlamentares católicos, dom Guilherme, em referência ao Papa Francisco, disse que a vida precisa estar acima da economia.
O arcebispo do Rio do Janeiro (RJ), cardeal Orani Tempesta destacou elementos do modelo de Igreja que o Papa Francisco tem buscado: “uma Igreja em saída e que busca construir pontes”. Ele disse ser necessário os parlamentares estarem atentos para proporem projetos que terão continuidade. Os projetos, segundo o cardeal, precisam ter em vista a promoção da dignidade das pessoas como trabalho, saúde, entre outras políticas.
O bispo de Cametá (PA), dom José Altevir da Silva (PA) fez um clamor aos parlamentares. De acordo com ele, o povo, sobretudo o povo da região Norte, as comunidades tradicionais e povos indígenas, encontram-se ainda excluídos da possibilidade de uma vida digna. O bispo apontou que o bioma Amazônico está sendo destruído pelos grandes projetos e empreendimentos econômicos. “Aqui nesta região existe um povo com uma história, com valores e uma cultura. O Brasil assinou tratados internacionais e este povo não está sendo ouvido e nem consultado sobre estes projetos”, disse.
O arcebispo de Manaus (AM), dom Leonardo Steiner enalteceu a atuação de parlamentares a partir os valores do Evangelho. Os políticos católicos, destacou o arcebispo, devem ser os primeiros a ser os frequentadores da Palavra de Deus, do magistério da Igreja e sua Doutrina Social, do magistério dos Papas e dos vários documentos da CNBB. Estas referências, para dom Leonardo, oferecem valores para o modo de ser e atuar dos parlamentares católicos na esfera política. O arcebispo disse ainda ser necessário que os parlamentares busquem aprovar políticas públicas que atendam aos interesses dos empobrecidos, a partir da escuta dos clamores das comunidades e minorias além de pautar sua atuação pela ética, defesa da democracia e busca do bem comum.
O arcebispo de São Salvador (BA), cardeal Sergio da Rocha destacou três pontos em sua fala: a) Os parlamentares devem buscar ser testemunhas cristãs no mundo da política, sendo, a partir dos ensinamentos de Jesus, sal da terra e luz do mundo; b) buscar ser coerentes com a fé professada (celebrada e vivida junto às comunidades), sobretudo orientando-se pela ética na política; e c) serem testemunhos de comunhão com a Igreja, sua Doutrina Social, o magistério do Papa Francisco, as orientações da CNBB e das Igrejas locais.
O arcebispo de Campo Grande (MS), dom Dimas Lara Rezende ressaltou que os parlamentares católicos devem considerar a política como um serviço aos mais pobres e apostar mais na busca por um projeto de Nação e não de governos. Ele lembrou da lei da Ficha Limpa, conquistada a partir a mobilização da Igreja Católica no Brasil reforçando que os parlamentares devem estar atentos ao combate à corrupção e à busca do bom uso dos recursos públicos.
O bispo de Tocantinópolis (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Giovani Pereira apontou aos parlamentares o desafio de resgatar a dignidade da política. Falou do esforço que a CNBB, por meio das Pastorais Sociais, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) e do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Camara (Cefep), tem feito para oferecer uma formação aos leigos e leigas com vista a atuação na esfera política e pública. Disse que, inspirados pelo Papa Francisco, os parlamentares católicos devem primar sua conduta pela busca do diálogo e pela cultura do encontro. Falou também da importância de considerarem as demandas locais e de promoverem a participação social.
Fonte: CNBB