Pastoral da Criança: Lançando sementes

Após um ano e meio de idas e vindas, de aberturas e fechamentos de acesso às áreas indígenas, devido a pandemia, finalmente neste mês de agosto concluímos a primeira parte da formação de novos líderes da pastoral da criança, na aldeia escalvado. Trinta (30) indígenas que se dispuseram a fazer junto conosco este caminho de formação, para em seguida assumirem eles mesmos, o cuidado com as novas gerações, através das orientações da Pastoral da criança. Quinze, (15), concluíram as duas etapas, os demais concluirão no próximo mês.

Aldeia Porteira (Foto: Coordenação da Pastoral da Criança)

O caminho percorrido com eles é exigente, pois requer de nós não indígenas, um esforço pessoal para entender e respeitar a dinâmica e os processos de internalização e adaptação dos conteúdos à realidade da comunidade, mas não deixa de ser também um tempo de graça e de aprendizado, reciproco que nos forma e nos coloca diante da presença de Deus que ama e cuida de todos indistintamente, nosso trabalho maior talvez seja conosco mesmo, de compreender, acolher, proteger e lutar ao lado deles para que seus direitos sejam garantidos e a cultura preservada.

Aldeia Porquinhos (Foto: Coordenação da Pastoral da Criança).

As Terras e os Povos Indígenas têm um papel estratégico na proteção da natureza e preservação dos recursos naturais, e por isso os povos indígenas são parceiros essenciais para o equilíbrio do clima e da conservação no mundo inteiro. (HELCIO SOUZA Gerente da Estratégia de Povos Indígenas – TNC Brasil). Nesta perspectiva, o caminho que estamos percorrendo agora, visa esse processo de integração e de respeito às diversidades culturais, ambientais, mas, sobretudo de resgate das relações pautadas na reciprocidade de direitos e dos valores sociais, ambientais e cristãos.

Obedecendo ao mandamento de Jesus,“…ide e fazei discípulos meus todos os povos…” (Mt,28, 19), cada um porém a seu modo, a sua cultura. Por isso, eis-nos aqui, lançando as sementes do reino, onde encontrarmos bom terreno, ali então o Senhor fará maravilhas!

É uma graça poder caminhar juntos, somar forças, partilhar conhecimentos, aprender e conhecer o modo de viver, de agir e interagir com outras culturas, quando pensamos que levamos algo valioso, então recebemos algo mais precioso, no caso dos povos indígenas, a fraternidade universal, que nos desacomoda e nos coloca no lugar do outro, que nos permite fazer a experiência de Jesus… “viu e sentiu compaixão” que não é sentimento de pena, e sim de irmandade, que não suporta vê o sofrimento do irmão e como o samaritano, corre para amparar, acolher, curar e cuidar.

O caminho, estar sendo feito, queria o Nosso Deus, nos assistir e permitir que este percurso culmine no crescimento e florescimento das ações concretas na vida da comunidade Escalvado, dos povos Canelas, que deem frutos saborosos à comunidade local, a sociedade, à igreja e a fraternidade universal.

Fraternalmente.

Ir. Suzete Silva
Coordenadora diocesana da Pastoral da Criança/Diocese de Grajaú
Irmãs Capuchinhas de Madre Rubatto

 

Barra do Corda, 18 de agosto de 2021

 

 

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