Foi concluído na sexta-feira, 19 de novembro, o curso de formação para a missão Ad Gentes (além-froteiras) oferecido pelo Centro Cultural Missionário. Participaram 21 pessoas, entre padres, seminarista, leigos e religiosas e religiosos. Os dois últimos dias do curso foram marcados por partilhas sobre os aprendizados, testemunhos e o envio simbólico, mesmo que virtual.
Testemunhar Jesus Cristo onde estamos
Na quinta-feira, 18, o bispo de Chapecó (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da CNBB, dom Odelir José Magri, conduziu um retiro virtual a partir do texto “A missão ad gentes no ministério do missionário”, de autoria do padre Estevão Raschietti.
Após sua exposição, que também contou com destaques sobre a trajetória pessoal, dom Odelir convidou os missionários a partilharem experiências sobre a vida e a missão. O resultado da escuta das partilhas foi o “coração aquecido”, recordando o período em que atuou como missionário na República Democrática do Congo. “De vez em quando, eu estava voando para o Congo, porque querendo ou não, a gente não tem como desconectar daquela experiência vivida”.
O bispo destacou a importância da abertura missionária, na certeza de que “onde nós estamos, é lá onde Deus nos pede para a missão. Lá onde estamos, somos chamados a testemunhar a nossa fé, a viver a nossa comunhão com Jesus e com o povo de Deus. Isso que é importante e é bonito”.
Os missionários e missionárias agradeceram a oportunidade de participar da formação e conhecer mais sobre a dimensão missionária a partir dos aprofundamentos conduzidos por missiólogos e teólogos, e dos testemunhos de missionários que já vivenciaram a missão em outras realidades e países.
O Senhor prepara os caminhos
Na manhã de sexta-feira, irmã Antônia, da Congregação Filhas de Santa Maria da Providência, agradeceu a oportunidade de ter feito o curso e citou a partilha de dom Odelir feita no dia anterior.
A experiência dele, contou a religiosa, “reacendeu a chama da vela na expectativa, no desejo de ir e ver como é, como não é, o que me espera”. Diante dos relatos dos perigos da perseguição e da violência feitos por dom Odelir, irmã Antônio disse que ficou com “um pouquinho com medo”, mas a confiança e a fé a fortalecem.
“Eu acredito que o Senhor já prepara os caminhos. Quando Ele quer, Ele dá um jeito, seja preciso se esconder ou não, mas Ele vai à nossa frente e vai abrindo os caminhos para que possa ir e fazer o que ele mesmo planejou para nós”, disse.
O Espírito de Deus que conduz
Também com destino ao continente africano, a irmã Inês Teresinha Weber, das Irmãs de Notre Dame, teve de exercitar a confiança nos desígnios de Deus. Ela participou do curso em meio à recuperação de uma cirurgia no quadril que poderia ter impedido a participação, por conta das datas. A cirurgia foi adiantada, o que tornou possível sua presença nos encontros, mesmo “convalescente no quarto”.
A religiosa também partilhou, emocionada, que é chegada a hora de seguir para a missão em Moçambique, nesta que é a terceira vez que lhe foi solicitada partir para a nova missão.
“A partilha, a entreajuda, as palestras, tudo isso me deu muita tranquilidade de coração. Sei que vamos ter desafios, vai ter saudade, vai ter choro, mas a missão é maior. Eu vou em nome Dele e é o Espírito de Deus que conduz. Eu vou com muita alegria, com muita esperança para ajudar na formação”, disse irmã Inês.
Necessidades que nos preenchem
As partilhas de sexta-feira antecederam o envio simbólico dos missionários conduzido pela presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), irmã Maria Inês Ribeiro, que também contou sobre sua experiência ad gentes em Angola.
Contemplando o período em Angola, as realidades para as quais os missionários serão enviados ou até aquelas que eles já vivenciaram, dentro e fora do Brasil, bem como as motivações para a participação na formação, irmã Maria Inês observou: “Quantas necessidades passamos, e elas não nos deixam tristes, não nos esvaziam, pelo contrário, só nos preenchem”.
E a religiosa indicou que os missionários devem seguir para seu destino “realmente esvaziados e esvaziadas”, e “escutar e inserir-se a partir da realidade do povo”.
Para irmã Maria Inês são as grandes características do missionário “a encarnação e a humildade, estar a serviço”.
Fonte: CNBB