A Igreja celebra nesta terça-feira, 14 de setembro, a festa da exaltação da Santa Cruz, uma festa muito antiga que tem suas raízes no século V, em Jerusalém. A cruz lembra que Jesus morreu na cruz, para a salvação da humanidade.
Para o arcebispo de Porto Alegre (RS), primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, no artigo ‘Cruz: símbolo de vida e de esperança’ publicado no portal da CNBB, a cruz é um símbolo presente em distintas culturas.
“Não foi o cristianismo que a descobriu. No entanto, foi a partir do evento cristão que a cruz adquiriu simbologia própria. Ela passou a ser símbolo da vitória do amor sobre o ódio do mundo, manifestado num processo injusto e numa execução sumária do homem, que ‘passou fazendo o bem’ (At 10,38) e que ‘fez tudo bem’ (Mc 7,37)”, destaca.
Segundo dom Jaime, é um costume difuso traçar sobre si ao se passar diante de uma igreja o sinal da cruz.
“Há quem inicia a jornada e a encerra fazendo e rezando o sinal da cruz. Com isso, a pessoa não apenas traça a cruz sobre si, ela também reza na postura da cruz. O gesto da cruz é o gesto mais antigo da oração cristã. É o sinal da totalidade e da redenção. Quando, rezando, o traçamos sobre nós, estamos nos marcando e nos deixando envolver pelo mistério redentor atualizado na cruz”, ressalta.
Ainda segundo dom Jaime, no artigo, para os cristãos, o sinal da cruz é o sinal mais santo que existe. “Fazendo-o, tudo o que somos, corporeidade, pensamento, espírito, vontade, sentimentos, ocupações e atos, é assinalado, consagrado na força do Cristo Crucificado-Ressuscitado”, pontua.
O Papa e a Cruz
Na Eslováquia, em viagem oficial, o Papa Francisco presidiu a Divina Liturgia Bizantina de São João Crisóstomo e toda a homilia do Pontífice foi voltada a meditar o “escândalo” e a “loucura” da morte de Jesus.
“A cruz era instrumento de morte, e contudo dela veio a vida”, disse o Papa. Por isso, o santo povo de Deus a venera. Aos olhos do mundo, a cruz é um fracasso. Quantas vezes, disse Francisco, “aspiramos a um cristianismo de vencedores, a um cristianismo triunfalista, que tenha relevância e importância, receba glória e honra. Mas um cristianismo sem cruz é mundano, e torna-se estéril”.
Deus, prosseguiu, escolheu o caminho mais difícil: a cruz. Para que não houvesse na terra ninguém tão desesperado que não conseguisse encontrá-Lo, até mesmo na angústia, na escuridão, no abandono, no escândalo da sua miséria e dos próprios erros.
Alguns santos, acrescentou o Papa, ensinaram que a cruz é como um livro que, para o conhecer, é preciso abri-lo e ler. Significa deter o olhar sobre Crucificado, deixar-se impressionar pelas suas chagas, se comover e chorar diante de Deus ferido de amor por nós.
“Se não fizermos assim, a cruz permanece um livro não lido, cujo título e autor são bem conhecidos, mas que não influencia a vida. Não reduzamos a cruz a um objeto de devoção, e menos ainda a um símbolo político, a um sinal de relevância religiosa e social”, recomendou o Papa.
Da contemplação do Crucifixo, ensinou Francisco, provém o segundo passo: dar testemunho. E são muitos os que sofreram e morreram na Eslováquia por causa do nome de Jesus! Hoje o país está livre da perseguição, mas sofre a ameaça do mundanismo e da mediocridade.
“A cruz não quer ser uma bandeira elevada ao alto, mas a fonte pura de uma maneira nova de viver. Qual? A do Evangelho, a das Bem-aventuranças.”
Não só santos e mártires foram testemunhas, mas também pessoas humildes e simples, que deram a vida amando até ao fim.
“São os nossos heróis, os heróis da vida quotidiana; e são as suas vidas que mudam a história”, disse ainda o Papa, que concluiu: “É assim que a fé se espalha: com a sabedoria da cruz e não com o poder do mundo; com o testemunho e não com as estruturas. E hoje, a partir do silêncio vibrante da cruz, o Senhor pergunta também a você: «Quer ser minha testemunha?”
Com informações da Arquidiocese de Porto Alegre e Vatican News
Fonte: CNBB