Neste dia de São Jerônimo, 30 de setembro, a Igreja no Brasil encerra o Mês da Bíblia, na edição especial dos 50 anos da iniciativa. O arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Antônio Peruzzo, avaliou as atividades realizadas em todo o Brasil, destacando a riqueza das experiências. O bispo também manifestou gratidão e indicou como perspectiva para o futuro a necessidade de ousadia para aplicar a leitura orante da Palavra de Deus.
Ricas experiências
Dom Peruzzo avaliou que a edição do cinquentenário do Mês da Bíblia foi muito rica. Marcado mais uma vez pelo contexto da pandemia e suas limitações, mesmo assim obteve “grandes saltos”.
“Neste ano, pelo Brasil afora, as comunidades e os agentes, os que participam com maior vigor do serviço de divulgação da Palavra, neste ano estávamos muito mais treinados e muito mais familiarizados com os recursos digitais. É impressionante como se multiplicaram as lives, os estudos em grupo, por meios virtuais, os encontros para conhecer a Epistola aos Gálatas, sempre por meios virtuais, mas foi muito difundindo, um grande crescimento”, observou dom Peruzzo.
A experiência com os meios digitais é algo que deve permanecer, de acordo com a observação de dom Antônio Peruzzo. “É verdade que tolhe muito dos encontros interpessoais, porque não se torna apenas objeto de estudo da Palavra os nossos encontros – começamos pela Palavra, estudamos, rezamos, mas depois partilhamos -, isso é menos possível pelas vias eletrônicas, é verdade, mas, por outro lado, em tempos de muitas limitações, a experiência foi criativa. Eu vi como nunca antes tinha observado tantas partilhas e estudos sobre a Palavra e particularmente a Epístola aos Gálatas como neste ano”.
O Mês da Bíblia deste ano também oportunizou que lideranças fossem mais conhecidas. São professores, homens e mulheres que de alguma maneira representam ou atuam em funções de liderança “encorajando-se a partilhar, ouvir e a ensinar”. Dom Peruzzo sublinhou que foi possível perceber “bons mestres, se não academicamente agraciados pela possiblidade de estudos exegéticos, mas pessoas de experiências profundas de fé partilhada”. Isso, de acordo com o arcebispo, confere um sentido, resgata possibilidades de vivências da Palavra por meios até adversos. É o que também pode ser observado na história do Povo de Deus encontrada na própria Bíblia.
“A Palavra de Deus, quase todos os seus escritos, foram respostas das comunidades e das pessoas de fé ou de suas lideranças para outras comunidades ou para as próprias comunidades, imersas em situações de crise, de incerteza e que precisavam renovar as esperanças, a Palavra foi a resposta de Deus”.
Novidade e gratidão
De acordo com dom Peruzzo, a novidade é a descoberta de que é possível partilhar a fé servindo da Palavra “até mesmo em situações em que parecem impor-se as distâncias. Deus se deixa alcançar por muitos e muitos caminhos”.
Essa partilha e o aprofundamento da Palavra de Deus remontam desde a década de 1950, com algumas experiências observadas. Já a estruturação, num sentido “mais formal e operativo”, se observou em 1971, na arquidiocese de Belo Horizonte (MG), por iniciativa das Irmãs Paulinas, “que desencadearam toda essa reflexão”. Dom Peruzzo destaca que e a Igreja no Brasil precisa sim manifestar sua gratidão à Congregação.
Mesmo com a motivação para agradecer, os 50 anos do Mês da Bíblia exige olhar para frente. Dom Peruzzo observa que no serviço evangelizador no Brasil, a Palavra de Deus encontrou maiores receptividades, no passado, mas são situações e contextos culturais que não voltam mais.
“Para o futuro, o cinquentenário pode pedir a nós mais ousadia. Penso que a leitura orante da Palavra é o grande caminho para o fortalecimento da fé da nossa gente. Nós estamos oferecendo em larga margem muita religiosidade, o que é bom, piedade popular resgatando, mas não suficientemente vinculada à Palavra de Deus. Esta parte, a da leitura orante da Palavra pessoal e comunitária é o melhor caminho, parece-me, para valorizar e chegarmos à animação bíblica da Pastoral a que a Igreja no Brasil está a se propor”.
Dom Peruzzo deseja que todos os agentes de pastoral sejam impregnados e inspirados por experiências vividas de prática da Palavra e de resposta à Palavra como meio de evangelização. “Temos meios eletrônicos, os caminhos digitais, mas podem ser apenas mensagens colocadas ao vento se não for de alguma maneira, associada a vivências orantes do que a Palavra propõe. Não se trata de divulgar as ideias de Deus, mas que a Palavra de Deus gere comunhão”, reflete.
São Jerônimo
Jerônimo, um dos Padres da Igreja Ocidental, dedicou toda a sua vida ao estudo das Escrituras, colocando em prática a Palavra de Deus. Asceta e literato, prestava serviço ao Papa São Dâmaso. Traduziu a Bíblia para o latim, a partir dos textos originais. Faleceu em 30 de setembro do ano 420.
Saiba mais sobre a vida de São Jerônimo no vídeo publicado pelo Grupo de Reflexão Bíblica São Jerônimo no início do Mês da Bíblia do ano passado:
Fonte: CNBB
